Maria Bonita ganha protagonismo em nova série da Disney+ que revisita o cangaço brasileiro
- Redação neonews
- 8 de abr.
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Produção estrelada por Isis Valverde no Disney+ oferece olhar sensível e inédito sobre a parceira de Lampião, abordando sua trajetória de luta, dor e liberdade no sertão nordestino
(Foto: Divulgação)
A história do cangaço sempre foi contada sob a sombra de Lampião, mas agora é a vez de Maria Bonita ocupar o centro da narrativa. Lançada no catálogo da Disney+ no último dia 4 de abril, a série Maria e o Cangaço propõe uma releitura da história do cangaceiro mais famoso do Brasil — desta vez, pelos olhos de sua companheira mais emblemática.
"Embora acompanhe a vida do famoso cangaceiro Lampião, a produção foca em explorar essa história sob o ponto de Maria Bonita, sua principal parceira em vida." O papel foi confiado à atriz Isis Valverde, que mergulha na força e na complexidade de Maria, enquanto Júlio Andrade interpreta o temido líder do bando.
A narrativa da série explora as origens de Maria de Déa, nascida em 1910 no sertão sergipano, e como ela rompeu com a vida opressiva ao lado de um marido abusivo para se juntar a Lampião no cangaço. Essa decisão ousada para a época a colocou em um caminho de luta, perigo constante e certa liberdade, mesmo que o preço tenha sido alto.
"A história se foca na relação dos dois personagens e como, em uma época marcada pelo machismo, Maria abandonou uma vida indigna para buscar certa liberdade no mundo do crime." E é exatamente nessa contradição — entre opressão e libertação — que a série aposta, trazendo à tona nuances pouco discutidas da personagem que virou lenda.
Inspirada em obras como Bonita Maria do Capitão, a produção mostra que, embora o relacionamento com Lampião tenha sido intenso e cercado de companheirismo, não estava livre das violências estruturais da época. Ainda assim, Maria conquistou o respeito dentro do bando e abriu espaço para outras mulheres no cangaço.
"Ao mesmo tempo em que retrata muitos elementos da história de forma fiel, Maria e o Cangaço também pode ser considerada uma romantização deles." A série se desvia dos aspectos mais brutais da realidade, preferindo adotar uma abordagem mais poética e cinematográfica sobre o amor e a resistência vividos por Maria Bonita e Lampião.
(Foto: Divulgação)
O fim da cangaceira foi trágico: "Ela estava entre os 11 membros do grupo que acabaram mortos, sendo atingida duas vezes por tiros disparados por José Panta de Godoy, que a decapitou enquanto ainda estava viva." Mesmo com esse desfecho violento, sua história segue viva e reverberando — inclusive no local onde nasceu, hoje transformado em ponto turístico sob o nome de Museu Casa de Maria Bonita.
Maria e o Cangaço entrega um olhar potente e necessário sobre a mulher que ousou desafiar o destino imposto — e, por isso mesmo, permanece tão fascinante quanto incômoda. A série tem apenas seis episódios e já está disponível para streaming.
