Cientistas Confirmam a Existência de um Antígeno Desconhecido que Pode Impactar Transfusões de Sangue
(Foto: Divulgação)
Após mais de 50 anos de pesquisa, cientistas da Universidade de Bristol e do Grupo de Sangue e Transplante do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido revelaram um novo grupo sanguíneo, ampliando nosso entendimento sobre as transfusões de sangue. Além dos tipos já conhecidos — A, B, AB ou O, com fator RH positivo ou negativo — agora sabemos que os humanos também podem ser positivos ou negativos para o antígeno AnWj.
A pesquisa esclarece que, até então, existia uma dúvida sobre a eficácia das transfusões em certos casos, especialmente quando algumas pessoas não apresentavam antígenos no sangue devido a doenças como câncer ou desordens hematológicas. Agora, os cientistas explicam que se uma pessoa é AnWj negativa, ela não possui o antígeno que é transportado por uma proteína do sangue chamada Mal.
Curiosamente, mais de 99,9% da população é AnWj positiva, ou seja, carrega a proteína completa. Contudo, os pesquisadores identificaram casos raros em que indivíduos nascem sem esse antígeno. Isso ocorre porque partes do material genético responsável por “dar” o antígeno ao bebê podem ser perdidas ou estar incompletas, tanto do pai quanto da mãe.
A descoberta foi baseada na análise de uma amostra de sangue de uma paciente com uma condição rara, datada de 2015, além de outros quatro casos de pessoas geneticamente AnWj negativas. Os cientistas realizaram um sequenciamento de exoma, um teste genético abrangente que identifica alterações no DNA e nas proteínas humanas. Esse exame revelou que todos os pacientes apresentavam partes faltantes no gene MAL, o que explicava a ausência da proteína Mal.
Além disso, os pesquisadores confirmaram a função da proteína Mal em transportar o AnWj através de experimentos em que introduziram o gene MAL em células específicas. Nas células que continham a proteína, foi observada uma reatividade aos anticorpos, evidenciando a sua importância.
Essa descoberta tem potencial para impactar significativamente o campo das transfusões sanguíneas. Com a identificação do antígeno AnWj, novos protocolos podem ser desenvolvidos para garantir a compatibilidade entre doadores e receptores, prevenindo complicações que poderiam surgir de transfusões inadequadas.
A pesquisa, publicada na revista Blood, abre novos caminhos para o entendimento da genética do sangue humano e ressalta a complexidade dos grupos sanguíneos. À medida que a ciência avança, novas descobertas como esta prometem revolucionar o tratamento médico e a segurança das transfusões.
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