Senna; uma recriação emocionante que mistura técnica impecável e calor humano
(Foto: Divulgação)
A minissérie "Senna", da Netflix, é mais do que uma homenagem ao maior piloto brasileiro de todos os tempos: é um convite para revisitar, com os olhos de hoje, a trajetória de um homem que marcou o automobilismo e o coração de milhões. Dirigida pela Gullane e estrelada por Gabriel Leone, a produção equilibra brilhantemente o drama humano e a adrenalina das corridas, entregando uma obra que dialoga com fãs antigos e uma nova geração.
A narrativa da série abraça a jornada de Ayrton Senna desde os primeiros passos no kart até seu estrelato na Fórmula 1, sem perder o foco em momentos cruciais de sua vida pessoal. A escolha de saltos temporais é feita com habilidade, costurando os capítulos de sua carreira sem sacrificar os detalhes que os apaixonados por automobilismo tanto apreciam. Logo no segundo episódio, a recriação da icônica corrida de Mônaco, sob chuva torrencial, já demonstra o nível técnico impressionante do projeto, que traz uma imersão rara ao espectador.
Tecnicamente, "Senna" é um espetáculo. A mixagem de som coloca o público dentro dos motores, enquanto a edição capta a tensão e velocidade de cada curva. Figurinos e cenografia são impecáveis, desde os macacões históricos até a recriação precisa das escuderias. Destaque também para a atuação de Pâmela Tomé como Xuxa, cuja semelhança física e interpretação tornam a personagem tão autêntica quanto impactante. Esses elementos contribuem para um universo convincente, onde os personagens históricos ganham vida de maneira memorável.
Gabriel Leone oferece uma performance que transcende a mera imitação, trazendo à tona tanto o carisma quanto a complexidade de Senna. Ele equilibra a humanidade do "Ayrton" com a grandeza do "Senna", tocando em momentos de vulnerabilidade e orgulho nacional com uma sutileza impressionante. Essa dualidade entre o homem e o mito é um dos maiores trunfos da série, mesmo que, em alguns momentos, a trama caia na idealização característica de biografias autorizadas.
Outro ponto de destaque é a forma como "Senna" abraça a cultura pop brasileira. A narração de Galvão Bueno, interpretado com habilidade por Gabriel Louchard, é uma ponte entre o piloto e o público, reforçando o papel da mídia na construção de Ayrton como herói nacional. As rivalidades com Alain Prost e outros gigantes da Fórmula 1 são recriadas de maneira cativante, adicionando camadas de tensão e emoção à história.
A série não é apenas para os aficionados por corridas; ela também se conecta com quem busca um drama humano e histórias inspiradoras. A relação de Senna com Laura Harrison (interpretada por Kaya Scodelario) e a perseguição de sua carreira fora do circuito europeu adicionam profundidade, ilustrando o impacto de suas conquistas em diferentes culturas e gerações.
No final, "Senna" emociona sem esforço. Quando a música da vitória começa a tocar, é impossível não ser tomado por uma onda de nostalgia e orgulho. Assim como Ayrton fazia nas manhãs de domingo, a série coloca um sorriso no rosto do público, lembrando que, mesmo após tantos anos, seu legado continua vivo e pulsante no coração do Brasil e do mundo.
Ficha técnica
Nome: Senna
Onde Assistir: Netflix
Categoria: Documentário
Duração: 1 Temporada
Nota 4/5
