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Crítica | Os Fantasmas Ainda se Divertem de Tim Burton em 2024

Tim Burton resgata o caótico Beetlejuice em um mundo que mudou, mas a essência de sua irreverência permanece intacta, mesclando nostalgia e sátira no retorno de um clássico


Tim Burton resgata o caótico Beetlejuice em um mundo que mudou, mas a essência de sua irreverência permanece intacta, mesclando nostalgia e sátira no retorno de um clássico
Os Fantasmas Ainda se Divertem

(Foto: Divulgação)


Após 36 anos, Tim Burton traz de volta um dos personagens mais icônicos de sua carreira, Beetlejuice, em Os Fantasmas Ainda se Divertem. O retorno do diretor ao seu mundo de mortos-vivos e criaturas extravagantes provoca reflexões sobre o tempo, a repetição e a vida após a morte. Michael Keaton, na pele do irreverente Beetlejuice, agora um chefe de repartição pública, é o centro de uma narrativa que busca resgatar o tom anárquico do original, enquanto explora as novas nuances da sociedade contemporânea.


O que torna esta continuação intrigante é a forma como Burton usa a estética visual e narrativa que o consagrou para explorar o conceito de inércia, tanto no mundo dos mortos quanto na própria natureza do tempo. Se em 1988 Beetlejuice era um fantasma caótico preso no limbo, agora ele está mais conformado, imerso em uma burocracia infernal que serve de metáfora para a própria condição humana. Burton utiliza a figura do trickster de forma mais sutil, evitando transformar a trama em um "filme de mensagem", mas ainda assim tocando em temas existenciais profundos.


A presença de personagens como o investigador fantasma de Willem Dafoe e a ex-esposa rancorosa de Beetlejuice, vivida por Monica Bellucci, adiciona camadas à narrativa, embora suas participações sejam breves. Estes personagens parecem menos focados em desenvolver a trama e mais em construir um humor ácido que permeia o filme. O jogo entre a passagem do tempo e a estagnação é o verdadeiro protagonista aqui, com Burton reforçando sua crítica ao conformismo e à aceleração da vida moderna, especialmente quando explorado nas dinâmicas familiares entre Lydia (Winona Ryder), sua madrasta (Catherine O’Hara) e sua filha (Jenna Ortega).


Burton, contudo, não tenta transformar Os Fantasmas Ainda se Divertem em um manifesto. A trama é leve, quase flutuante, e muitas vezes se perde em suas próprias subtramas, sem um compromisso firme com a linearidade. Isso pode ser visto como um ponto de frustração para quem espera uma narrativa mais coesa, mas para Burton, o retorno à franquia é mais um exercício de estilo do que uma tentativa de fazer uma grande declaração cinematográfica. O filme se sustenta em uma atmosfera cuidadosamente elaborada e temas sutis, sem a pretensão de fazer de Beetlejuice o mesmo ícone de subversão de 1988.


Tecnicamente, o filme é uma homenagem à arte prática do cinema, com um retorno ao uso de stop-motion, animatrônicos e maquiagem prostética, elementos que deram ao original sua assinatura visual e que se destacam em um cenário dominado pelos efeitos digitais. Essa escolha estética confere ao limbo e aos personagens um ar tátil, resgatando o prazer de se trabalhar com o físico em tempos de virtualidade excessiva. É uma abordagem que demonstra o carinho de Burton pelo artesanal, mesmo que o tom caótico e desordeiro de Beetlejuice já não cause o mesmo impacto que causava nos anos 80.


Há uma melancolia subjacente na forma como Burton aborda o trickster Beetlejuice em 2024. Enquanto em 1988 ele desafiava os valores da classe média burguesa, agora suas travessuras parecem ter perdido parte da força no contexto de uma sociedade onde a ironia e o cinismo foram absorvidos pelo mainstream. Mesmo a crítica aos influenciadores digitais, presente em uma das cenas mais marcantes do filme, não é mais do que um reflexo momentâneo de um alvo fácil, sem realmente se aprofundar em uma discussão mais relevante.


No fim, Os Fantasmas Ainda se Divertem não tenta ser mais do que um resgate nostálgico do que funcionou no passado. Beetlejuice, apesar de burocrata e conformado, ainda é uma figura que encontra prazer em seu caos. A inclusão de elementos mais contemporâneos, como os minions que o acompanham, reforça a ideia de que o filme está ciente de sua própria irrelevância como agente subversivo. Mas talvez seja essa autoironia e o prazer descompromissado com que Burton revisita seu universo que faça desta continuação uma experiência divertida, mesmo que não essencial.


 

Ficha técnica


Nome: Os Fantasmas Ainda se Divertem

Onde assistir: Cinema

Categoria: Terror/Comédia

Duração: 1 hr e 44 min

Nota 4/5


 

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